História

NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS

 

Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) – Rio das Ostras

O NEAB – Núcleo de estudos afro-brasileiros da UFF/campus de Rio das Ostras – foi criado em 2017 e se constitui como um espaço interdisciplinar que agrega docentes e discentes. O Núcleo foi resultado de inúmeras iniciativas desenvolvidas neste campus e tem se mostrado efetivas na promoção do debate acadêmico sobre questões étnico-raciais no Brasil, bem como no combate ao racismo e à intolerância religiosa. O NEAB está aberto à participação de técnicos-administrativos, da comunidade e coletivos locais.

Atualmente o NEAB conta com pesquisadores vinculados ao Departamento Interdisciplinar de Rio das Ostras que coordenam projetos de pesquisa e extensão voltados para a questão étnico-racial nas suas múltiplas expressões, estudantes de graduação da UFF, estudantes e pesquisadores de pós-graduação da UFRJ e da UERJ. Os projetos do NEAB incidem em territórios de assentamento rural do MST, quilombos do norte fluminense e baixada litorânea e bairros de Rio das Ostras.

A inserção dos pesquisadores atualmente vinculados ao NEAB em projetos de pesquisa e extensão voltados para os movimentos sociais e populares e para a questão étnico-racial no Brasil acontece desde 2010, através do Projeto de Extensão Assessoria interdisciplinar em saúde e cidadania a movimentos populares, desenvolvido junto ao acampamento e posterior assentamento Osvaldo de Oliveira/MST em Macaé/RJ. Trata-se de um trabalho coletivo que foi se consolidando e fomentando outras frentes de intervenção, reflexão e análise, como projetos de pesquisas, disciplinas, núcleos de estudos e atividades acadêmicas e científicas diversas.

Em 2011, a partir do trabalho coletivo já desenvolvido junto aos movimentos populares, criamos o Projeto de Extensão Semana da Cultura Afro-Brasileira, com o objetivo de proporcionar um espaço de debates e socialização de conhecimentos sobre a cultura afro-brasileira, promover debates sobre a questão social do negro no Brasil, incentivar a construção de atividades, organizações e articulações que se referissem à temática em questão, assim como, à organização e militância de combate ao racismo, à crítica ao eurocentrismo e ao elitismo acadêmico.

Em 2014, coordenamos o Projeto de Pesquisa Cultura afro-brasileira, memória e resistência sociocultural: mapeamento de memórias de representantes da cultura afro-brasileira de municípios da região da baixada litorânea. O objetivo geral da proposta consistia em realizar o mapeamento das manifestações culturais e expressões religiosas de origem afro-brasileira em municípios da região da baixada litorânea, selecionando, após mapeamento, algumas para registro de memória. A interrupção no financiamento da bolsa de pesquisa nos impediu de continuar a pesquisa de campo, mas os resultados parciais aos quais chegamos possibilitaram uma análise e uma inquietação que orientaram o desenvolvimento de pesquisas e ações de extensão no Quilombo da Machadinha. Observamos que a presença marcante da religião evangélica nos quilombos de Cabo Frio, sobretudo, no Maria Romana, onde realizamos as pesquisas, mudou a dinâmica cultural da comunidade, promovendo em especial um distanciamento da cultura quilombola e das religiões originárias, como o jongo, a capoeira, as festas, etc. A falta de acesso a políticas públicas e o racismo em relação aos quilombolas provocava um distanciamento e isolamento em relação às cidades próximas, dificultando, inclusive, o acesso à educação de crianças e jovens.

Em 2015 coordenamos (através da Pesquisadora Maria Raimunda Penha Soares) as ações de pesquisa e extensão em um território quilombola em Quissamã, Quilombo Machadinha, junto ao Projeto Prospecção e Capacitação em Territórios Criativos, fruto de uma parceria entre a UFF e o Ministério da Cultura, e implementado a partir do Instituto de Artes e Comunicação Social/Centro de Artes (IACS/CEART) da UFF. Esta pesquisa foi encerrada em dezembro de 2016 e seus resultados publicados em janeiro de 2017 no livro Prospecção e Capacitação em Territórios Criativos: desenvolvimento de potenciais comunitários a partir das práticas culturais nos Territórios Cariri (CE), Madureira, Quilombo Machadinha e Paraty (RJ). Na ocasião pudemos acompanhar a dinâmica política do Quilombo Machadinha em um processo de fortalecimento da comunidade e de rompimento com formas arcaicas de poder que reproduziam uma relação de dominação vigente desde o período escravista na região. Por outro lado, pudemos observar nesse processo o lugar (político e cultural) que algumas mulheres do Quilombo da Machadinha exerceram e exercem, atualmente, em sua organização e resistência no território.

De forma coletiva (com a participação de professores vinculados ao NEAB – Maria Raimunda Penha Soares, Edson Teixeira e João Claudino Tavares – ministramos, desde 2012 a disciplina Questão étnico-racial, políticas sociais e serviço social, oferecida a estudantes da UFF, campus de Rio das Ostras, como optativa.

Todas estas ações de ensino, pesquisa e extensão convergiram para a criação do NEAB em 2017. Atualmente ampliamos o número de integrantes e de ações.

O NEAB está cadastrado no Diretório de Grupos do CNPQ – como grupo de pesquisa, com as seguintes linhas:

  • Comunidades Quilombolas: aspectos históricos formadores, identidade e memória, organização e lutas cotidianas;
  • Cultura afro-brasileira, resistência e transformação social;
  • Desigualdades étnico-raciais e Saúde;
  • Movimentos de mulheres negras a partir da perspectiva de classe;
  • Pensamento decolonial e crítica ao eurocentrismo;
  • Questão social e questão étnico-racial no Brasil;
  • Território e lutas populares: o espaço urbano e rural, as lutas quilombolas e organização de coletivos negros no Brasil.

Estão em curso os seguintes projetos vinculados ao NEAB:

  • Ensino:
    • Grupo de estudos Pensamento Decolonial e Crítica ao Eurocentrismo (coordenado pelos professores Maria Raimunda Penha Soares, João Claudino e Edson Teixeira);
    • Projeto de ensino – Questão étnico-racial e Serviço Social (coordenado pela professora Clarice da Costa Carvalho);

 

  • Pesquisa:
    • Covid e saberes populares voltado para população rural (assentamento Osvaldo de Oliveira, acampamento Edson Nogueira, Quilombo Machadinha, Rede Agroecológica de mulheres Serramar (Coordenado pela professora Hayda Alves);
    • Grupo de pesquisa fundamentos do Serviço Social e a questão étnico-racial como fundamento da questão social ( coordenado pela professora Clarice Carvalho);
    • Insurgências coletivas e práticas de resistências de mulheres quilombolas (coordenado pela Professora Maria Raimunda Penha Soares);

 

  • Dinâmicas contemporâneas de Quilombos no Maranhão e no Rio de Janeiro: a liderança de mulheres quilombolas na organização política, social e cultural” – apresentando ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, objetivando realização de Estágio Pós-Doutoral no período de 01 de março de 2019 a 29 de fevereiro de 2020. (concluído – professora Maria Raimunda Penha Soares).

  

  • Extensão:
  • Covid e saberes populares voltado para população rural (assentamento Osvaldo de Oliveira, acampamento Edson Nogueira, Quilombo Machadinha, Rede Agroecológica de mulheres Serramar (Coordenado pela professora Hayda Alves);
  • Educação Escolar Quilombola no Quilombo Machadinha (coordenado pela professora Rute Ramos /UFRJ e com colaboração da Professora Maria Raimunda Penha Soares);
  • Territórios Quilombolas: terra, trabalho e direitos – ações extensionistas integradas nos Quilombos de Sobara (araruama) e Maria Joaquina (Cabo Frio) – (coordenado pela professora Susana Maia);
  • Brasil em Tela: Questão Social e Cinema Nacional – Debate a questão social brasileira a partir da centralidade da questão racial e articula o Ciclo de Leituras “Carolina Maria de Jesus”(coordenado pela professora Clarice Carvalho);
  • Questões étnico-raciais e vivências em cultura afro-brasileira (coordenado pelo professor Edson Teixeira).

 

Destaca-se que o NEAB tem realizado várias ações de enfrentamento ao Covid-19, no município e região, que envolvem estudantes da UFF, docentes e comunidade local. Destacamos a confecção e distribuição de máscaras às famílias em situação de vulnerabilidade social; a realização de rodas de conversas com estudantes e profissionais que debatam a pandemia a partir de uma perspectiva étnico-racial; e, ainda, a organização e participação em grupos de estudos e leituras de obras de escritores negros e negras. Além destas ações, integrantes do NEAB tem participado como colaboradores e proponentes, de projetos de pesquisa e extensão implementados no contexto da pandemia e voltados para população em situação de vulnerabilidade social, assentados e acampados do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST) e quilombolas do norte Fluminense. Estas ações articulam de forma indissociável as dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão, a partir da percepção da importância do papel social da universidade neste contexto de pandemia, destacando a intervenção no território e na comunidade externa.

 

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